segunda-feira, 9 de junho de 2008

RESENHA “EDIFÍCIO MASTER”


A violência vista na sociedade atual, além do egocentrismo crônico, têm levado as pessoas a se enclausurarem cada vez mais nos seus lares, colaborando para a destruição de vários elos que ocorrem no contexto de vizinhança e relações inter-pessoais. Partindo disso, Eduardo Coutinho, propõe um novo olhar sobre essas características da sociedade atual e de toda a estrutura habitacional que ocorre no âmbito moderno.

Edifício Master mostra o cotidiano das pessoas, que moram num prédio de Copacabana no Rio de Janeiro, de maneira descontraída e inovadora. O documentário aborda as diferentes identidades contidas em um local tão limitado como é um prédio, mostrando como aquilo que é local, se torna universal, diante da pluralidade étnica e identitária encontrada naquele determinado lugar; assim o Edifício Master abriga pessoas de diferentes idades, condições sociais, sentimentos e histórias.

Baseado apenas em entrevistas, o documentário apresenta algumas particularidades existentes entre as divisórias de concretos do edifício, mostrando como as pessoas que se encontram nos corredores e elevadores do prédio, não são meros humanos, mas também seres providos sentimentos e particularidades. Astuciosamente, Coutinho consegue depoimentos contundentes sobre a intimidade de alguns moradores do prédio; mesmo tendo a câmera como um objeto intimidador, os moradores relatam histórias de sua vida que oscilam desde amores prósperos e longos até viagens e transtornos emocionais.

O documentário inicia com moradores contando o passado do prédio, que foi marcado por ter má reputação, abordando uma entrevistada nômade, e antiga moradora do prédio. Além do síndico, que foi responsável pela mudança de caráter do Master, transformando-o em um prédio “de família”.

Apesar de ter o foco principal nos moradores do prédio, o documentário expõe, em forma de clipes, a estrutura desse prédio. Os corredores, cenas das câmeras de segurança e os próprios apartamentos dos entrevistados são mostrados em recortes de vídeo.

Coutinho, apesar de inovar na idéia de fazer um recorte para os moradores de um prédio de classe média, não usa de pirotécnicas cinematográficas, além de ser apenas um “receptor”, tentando não interferir de forma significativa para a alteração de dados e fatos. Esse pensamento pode ser confirmado ao perceber a “trilha sonora” do filme, que é pautada apenas nos sons cotidianos do prédio – como bater de portas e o barulho do elevador.

Por fim, o documentário veio expor o cotidiano das pessoas, de forma reflexiva, fazendo-nos perceber que dentro de grandes estruturas de concreto existem pessoas com uma identidade e uma história própria. Edifício Master é um convite à vida, que vem sendo presa na medida em que o mundo torna-se um ambiente violento, onde você tem que pensar em si mesmo, para não ser engolido por um sistema destruidor e egoísta. Vemos os vidros fechados, as grades no portão, mas por fim, você não poderá proteger-se de si mesmo, de suas dualidades e de sua identidade. É um documentário com pouca tecnicidade, mas com doses altas de histórias e de retratos recortados por uma história social urbana.


Por Tiago Sant’Ana.

5 comentários:

Anônimo disse...

CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!CLAP! CLAP!


Primeira participação direta no blog! hehehehe

Unknown disse...

Opa, bom texto. ;)

E o blog está muito legal, parabéns aos alunos de Jornalismo. ^^

Anônimo disse...

Resenha bem feita, parabéns ^^

Anônimo disse...

quero assistir esse filme tem um tempão! =B

parabéns, Sant'ana! Texto legal, melhor eu realmente não faria... :P

CACHOPA disse...

Resenha bem escrita. Boas obserervações e analises.
Quem sabe este documentario não possa ser exibido em outros campus da universidade para apreciação de mais pessoas!?