sábado, 14 de junho de 2008

Dúvida Mortal

Era noite de quarta-feira, o céu estava estrelado e a lua imponente e brilhante como sempre. Uma belíssima noite. Mal sabia Maurício que naquele dia veria a lua pela última vez.


***

O jovem Maurício Fernandes, advogado reconhecido em São Paulo, era casado com Madalena e vivia muito bem com sua esposa e seus dois filhos. Maurício, Madalena e os filhos formavam uma família unida e bem estruturada, o amor fazia parte da vida familiar e o casal mantinha uma relação como poucas na sociedade paulistana.


A tranqüila e feliz vida da família Fernandes mudou a partir do dia em que Maurício conheceu Alzira, uma bonita e sedutora mulher, que o procurou para defendê-la numa causa judicial. Quando viu a moça entrar no seu escritório, os olhos do jovem advogado fixaram-se imediatamente nas curvas torneadas e nos olhos esverdeados da bela morena. Maurício encantou-se com Alzira e depois de várias conversas e tentativas, os dois saíram para jantar. Aquele foi apenas o primeiro de muitos encontros. Maurício estava definitivamente apaixonado por Alzira, a jovem moça fazia-o enlouquecer na cama e a cada dia que passava ele se encantava mais e mais.

O advogado passou a viver um triste dilema: de um lado a amável mãe de seus filhos, de outro a apaixonante Alzira. Maurício continuava ao lado de sua esposa e não tinha coragem de contar-lhe a verdade. A pobre Madalena, apaixonada pela família, começou a
perceber algo estranho no marido. Ele já não a tratava como outrora e não brincava nem afagava os filhos como antes. A relação entre Maurício e Alzira estava cada vez mais
empolgante e apaixonada e a morena começava a pressionar o advogado para que ele contasse a verdade à sua esposa. Maurício estava confuso e desesperado, entre a razão e a emoção, a família e a encantadora amante. Com quem deveria ficar? Era a grande dúvida de Fernandes, como os amigos lhe chamavam. Na última vez que se encontrou coma a amante, os dois brigaram bastante e depois de uma ferrenha discussão, Alzira deixou o motel, desesperada e resolveu contar toda a verdade a Madalena.

Era fim de tarde de quarta-feira, quando a amável Madalena descobriu a traição. O ódio tomou conta da pobre moça, deixando-a enlouquecida e capaz de cometer qualquer atrocidade contra o marido. Maurício estava ansioso para chegar a casa e rever a família, mas perturbado por conta da briga com a amante. Naquela noite de céu estrelado, o jovem contemplava a beleza da lua e das estrelas enquanto estava num terrível engarrafamento na Avenida Paulista. Seu pensamento era só um: ver a esposa e os filhos. Ao chegar a casa, abriu a porta e ao entrar na escura sala de visitas, foi apunhalado pela esposa envaidecida - por trás do belo e mimoso rosto, escondia-se uma fria e cruel assassina. Era o fim do bem sucedido e jovem advogado. A dúvida mortal entre família e a amante acabou com uma triste e precipitada morte. Madalena foi julgada e condenada, as crianças passaram a ser criadas pelos avós paternos e a Maurício restou à frieza e silêncio da morte.


Por Tárcio Mota

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